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Mostrando postagens de 2010

O carioca e a seca do sertão

Hoje eu ouvi no rádio que os candangos estão ansiosos pelo retorno da chuva que há 4 meses sumiu destas paragens do Distrito Federal. Isso me deixou meio instigado, estou há 2 anos radicado em Brasília e este é o meu segundo período de estiagem prolongada. Eu tinha como concepção que o sertanejo era um indivíduo que lidava com este período, que para mim ainda é incompreensível e desesperador, com certa naturalidade e até indiferença. Acho que este ano a natureza resolveu exagerar um pouco !!! Eu da minha parte, como carioca que sou, ainda não consegui me adaptar a esta situação. Nunca na minha vida eu deixei de ver a chuva por mais de duas semanas (em média). Quando em algum ano se ultrapassava esta cifra, começava o desespero. Acho que vai demorar até eu me acostumar a esse clima tão diferente, e quem sabe eu possa um dia ostentar a indiferença dos candangos...

Educação tradicional vs. construtivista

Sou de uma geração que passou mais de 30 anos sentado num banco escolar (em todos os níveis) tentando aprender alguma coisa. Claro que não sou da época da palmatória, da genuflexão em cima de grãos de milho e outros castigos sádicos tão comuns nas narrativas de nossos pais e avós. Apesar disso, a escola para mim sempre foi um lugar para ficar sentado ouvindo a preleção do magister. Como sou professor, de uma forma ou de outra, sempre reproduzi isto, mas com uma pulga atrás da orelha. Durante meu curso universitário ( e também um pouco do ensino médio, quer dizer, 2o. grau) eu achava as aulas inúteis, salvo as ministradas por poucos professores. Para resumir a ópera, meu filho esta prestes a entrar na pré-escola e a escola que ele está matriculado utiliza o princípio construtivista. A minha preocupação é que andei lendo em umas revistas que este método não se presta à alfabetização, que o método antigo (b a ba) seria o melhor. Fui conversar com a pedagoga da escola e fiquei mais tranqu

Patriotismo à brasileira

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Estava eu indo para meu almoço quando me deparei com a cena acima, fiz questão de documentar, pois é emblemática. Trata-se do Pavilhão Nacional, amarrotado indignamente e depositado numa lixeira da quadra 400 e alguma coisa de Brasília (a cidade em que ocorreu o fato também faz-nos refletir...). O que melhor representa o patriotismo dos brasileiro? Acho difícil de achar uma imagem tão forte e precisa para o atual momento político e de civilidade brasileiro. Tenho uma interpretação que quero comungar com os mingados leitores deste blog: 1-É público e notório que o brasileiro só lembra que faz parte de uma nação quando na copa do mundo. Todos vestem a camisa, empunham a bandeira com orgulho varonil, para quê? Assistir a umas peladas, cujo o resultado não alteram em nada a nossa condição de cidadãos vilipendiados por políticos canalhas, impostos extorsivos, cidades abandonadas, transporte público inexistente etc. Só isso já assustaria a qualquer ser de bom senso, o país é uma merda, mas

D. Pedro II, o Imperador presidente.

Eu ia tentar elaborar um título contrastando as qualidades do nosso admirado Imperador com o  atual presidente da republiqueta em que vivemos hoje, mas percebi que seria impossível realizar tal contraste. O abismo é por demais profundo, e realizar este contraste seria conspurcar a memória do  egrégio estadista que foi D. Pedro II. Esta breve introdução foi para comentar a reportagem da revista veja (edição de 28 de abril de 2010), a Razão nos Trópicos. Quem se interessou pela biografia de Pedro d`Alcantâra, pôde verificar como sua educação foi planejada para que ele fosse um monarca esclarecido e ciente de suas obrigações para o com o País que um dia governou. Dentre as inúmeras lições, ele aprendeu a ser bom, sustentar o justo e a temer a Deus. A reportagem tinha o desiderato de anunciar que as inúmeras cartas de D. Pedro II aos intelectuais da época vão ser digitalizadas e colacadas na internet para consulta pública. É interessante como nosso monarca era desenvolto em várias áreas

21 de abril de 1960

Vou escrever esta postagem como um carioca saudoso, ou quase saudoso, pois não conheci o Rio na sua fase áurea. Eu me enquadro na definição de carioca feita por Eduardo Paes (atual prefeito do Rio): "sou de uma geração que não conheceu o Rio como cidade maravilhosa". Enfim, a postagem não é sobre isso, somente utilizo este parágrafo para justificar as palavras que se seguirão. O dia em que se comemora a inauguração de Brasília também é o dia em que o Rio perdeu seu status de capital depois de mais de 200 anos. O Rio foi capital do vice reino, depois capital do Reino do Brasil, Portugal e Algarves, capital do Império do Brasil e por fim capital da malfadada República Federativa do Brasil (inicialmente Estados Unidos do Brazil). O que representou esta perda para a cidade? Na maioria dos livros que li sobre o assunto todos os autores toam em uníssono: que este é o tipo de história que não dá para se especular, i.e a história que nunca aconteceu. Mas como dito no primeiro parág

Lacerda e a Guanabara

Carlos Lacerda foi o primeiro governador do estado da Guanabara de 1961 a 1965 (hoje cidade do Rio de Janeiro após fusão com o estado de mesmo nome em 1975). Há um enorme esquecimento sobre quem foi ele e o que ele fez como administrador, Lacerda tinha o discurso afiado e antes de ser governador, como deputado federal, fez oposição atroz a transferência para Brasília da capital federal (tanto é que batizaram os pés de vento que de vez em quando se formam no cerrado de lacerdinhas). No seu discurso de posse disse que mesmo se não o deixassem construir as escolas, estradas etc, nada o impediria de transformar o governo numa fogueira para queimar os castelos dos políticos corruptos. Lacerda foi um administrador exemplar e deixou um legado de obras ancilares para a cidade, como o aterro do flamengo, os túneis Rebouças e o Santa Bárbara, a adutora do Guandú, inúmeras escolas e postos de saúde e a transferência da população favelada para bairros decentes (hoje degenerados). Mas há mais sobr

Quer conhecer uma pessoa? dê-lhe um cargo de chefia.

Todos têm a impressão que indivíduos que recebem um cargo de chefia ou que ascendiam socialmente se modificam, para pior. Agora comprouvou-se, através de um estudo comportamental feito por uma escola de negócios americana, que "o poder revela quem somos". O poder faz com que as pessoas se sintam acima de qualquer convenção e que isso os faz acreditar que não devam ser tratados como os demais, esse comportamento os levam a trapacear mais e quando são pegos apresentam justificativas psicológicas, de acordo com o responsável pela pesquisa. O pior de tudo é a hipocrisia que faz os poderosos condenarem nos outros o que fazem sem constrangimentos. A solução para inibir este comportamento é o compartilhamneto do poder, o problema, a exemplo do nosso Distrito Federal, é que quem deveria controlar também age da mesma forma.  Tirei esses comentários de uma entrevista com Adam Galinsky da Escola de Gestão da Kellog publicada na revista época desta semana (08 de março de 2010).

Impressões candangas sobre o Rio de Janeiro

Após 1 ano de me tornado um cidadão brasiliense (isso porque fui para Brasília com a intenção de fixar raízes), posso analisar alguns contrastes que, quando habitava no Rio, não notava. O ser humano tem uma incrível capacidade de se adptar as coisas, boas ou ruins, e este é o caso do carioca. Apesar de viver numa cidade realmente cosmopolita e com uma geografia e história ímpares, o carioca convive com situações no mínimo estranhas, e incrivelmente se acostuma a elas. Confesso que perambulei pela minha cidade natal com certa estranheza. Os cidadãos convivem com a balburdia de maneira completamente familiar, ninguém se importa em não parar ao sinal vermelho, ou parar em cima da faixa de pedestre. Estacionamento em local proibido nem se fala, é o mundo da gambiarra. Talvez o Rio seja a cidade brasileira mais paradigmática deste status. É claro que este é um fato nacional, mas em nenhum lugar faz tão parte da cultura quanto no Rio de Janeiro. Parece que o novo prefeito vem se esforçando

Mudanças

Fiz algumas mudanças no blog. Mudei o link para www.garritus.blogspot.com, garritus signifca tagarelar, palrear em latim. Acho que é isso mesmo que eu faço aqui. Com isso o blog ficou menos pessoal e mais ligado ao conteúdo que pretende-se publicar.